terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Nada e Tudo





TU me perguntas em quê estou pensando agora. Teus olhos me ferem buscando em meus olhos o que queres que eu saiba.
eu me perdi aqui dentro, o espelho distorce o que eu quero... ajuda.

TU me invades, me encobres, arrombas os limites que impus e ainda esperas que eu suponha medir a tua dor.
eu desisti de me guardar, sou toda explosão incontida e deformo queimando meu mal todo em ti.

TU buscas respostas e decides que devo depositar a teus pés a resolução dos teus assombros.
eu fujo da força que vejo pulsante, diminuta apequeneio em pávidos pesadelos.

TU anseias que eu te sinta pena, tomando em meus braços todos os passos que fazem do teu dia uma sobrevivência a ti mesma.
eu me humilho posto que não sou, não sei, não vou, parei.

TU expões as poções feridas que destilo em secreto e, desnudo, me cubro gotejando minha indiferença.
eu me desfaço, agora virei pó revoltante, girando em ventos furiosa, redemoinhos, perversa.

TU danças no baile de máscaras da tua fantasia a convite dos pesadelos de nosso conto de amor.
eu sou tudo o que criei: movimento e música, prazer e horror, você e eu.

TU contas e falas e gritas jogando sobre mim e sobre ti mesma um vazio venenoso que angustia e consola.
eu quebro as cadeias da dor e desfaço os laços de nós, já sei que consumo incessante.

TU bebes de um remédio que destrói sendo aquilo que não querias ser, descontrolada proteção que anseias ao quebrar regras.
eu desmaio nos mandamentos da minha própria religião, enlouquecida, minha crença sou eu.

TU permaneces, agora, adormecida e calada.
eu, exausta, esqueço a disputa, aborto-me. 

EU me pergunto em quê estou pensando agora.
tu, sem muitas respostas, te calas.                                                                           




E quando me imagino virando o jogo me vejo acordando em teu sono.
Abres meus os olhos sorrindo e sorrio.
Afastas de nós os meus sonhos ruins.
Começo a te ver como eras.

Por mim.

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