quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Desafio - A Chave de Sarah, Tatiana de Rosnay

Estou um pouco atrasada com as postagens mas não com a leitura. Esse foi o livro da segunda semana do ano, só não consegui publicar em tempo. Então, ei-lo aqui.


“Revirar o passado das lembranças que não eram minhas.
Visitar instantes dos meus, dejà vu do que não vi.
Experimentar, na descoberta, a compreensão do que há em mim.
E me emocionar com cada passo das vidas que choram e riem
Em suas lutas tão ordinárias quanto profundas.”
                                                                             VM


A Chave de Sarah é um livro de busca e descoberta, duas histórias que correm paralelas e transformam tudo ao seu redor. Um livro de confronto com entranhas e raízes onde o atual e o passado se colidem para desvendar e definir um ao outro.

Julia é uma jornalista americana que mora em Paris com seu charmoso e atraente marido tipicamente francês e sua filha de 11 anos, Zoe. Eles estão se mudando para um apartamento da família que precisa de reformas. Numa matéria para a revista em que trabalha, se vê envolvida na busca pelos verdadeiros fatos da batida policial francesa de 1942, na qual foram presas, confinadas no velódromo da cidade e, por fim deportadas para a morte nas câmaras de gás nazistas, milhares de família judias. A história de Julia se passa em 2002.
A nossa outra protagonista, Sarah, 10 anos, vive em Paris na época da guerra e sua história se passa exatamente no verão de 1942, durante as prisões. Ela é judia, portanto, foi presa com sua família mas, antes de sair de casa, deixa o irmãozinho de 4 anos em seu esconderijo secreto, um armário onde brincavam juntos, acreditando estar protegendo-o e prometendo ir buscá-lo.
A história das duas progride. Julia, entre suas pesquisas que a levam a descobertas estarrecedoras e seus conflitos familiares, que a colocam em dúvida quanto a uma gravidez aos 45 e o fim iminente de seu casamento. Sarah, vivendo seu drama como criança prisioneira que amadurece precocemente, foge do campo de concentração e luta por seu objetivo: voltar para buscar seu irmão.
As narrativas se cruzam no momento em que Sarah volta pra casa  e Julia descobre o segredo terrível  que envolve a família de seu marido e o apartamento para o qual está para se mudar.
Daí em diante se torna uma obsessão para Julia encontrar Sarah e dizer a ela que sim, ela conhece sua história e se importa com o que aconteceu.

Num final envolvente e dramático, Julia percebe que está completamente tomada pelos acontecimentos da vida de Sarah e não pode mais passar um dia sem se lembrar dela.

Minha mente depois de Alice Lispector

E num surto momentâneo começo a escrever tudo mesmo sem sentido como se as palavras brotassem de uma caixinha no fundo da mente ou do avesso nem sei direito o que escrevo me liberta no momento em que todas as coisas caminham no caos mas não posso pretender que sejam algo diferente se eu mesma como um caos me defino -  e gosto penso que ao menos o jogar das palavras assuma um pouco de definição.
Acho que sim as palavras me definem de certo modo sempre gostei da sua companhia e do meu silêncio quando com elas - respiro e me lembro que alguma vez já estive sentada vivendo de fora pensando o que os outros pensam e querendo também coisas que estavam além. o distante me atrai e logo me canso quanto mais se torna impossível retê-lo tudo pra mim fora de mim é belo mas utópico apesar de sóbrio e solene. sou como ela sou it nem sei se sou mesmo aquela que vivo dizendo ser acho que busco um pouco do mim em cada passo que dou e sigo soltando e tentando controlar. Que grande merda essa de a gente precisar por uma questão de honra ter o controle de tudo parece que estar à deriva desordena o mundo e eu nem quero ser tão certinha assim - e quero!
Um pouco de luz me sobreveio, quando um dia precisei admitir meu desequilíbrio perene. Então, mesmo sem gostar de tudo que vi, entendi que sou mesmo uma baita de uma maluca instável. Assim, me libertei de mim mesma e de todos. Admitir a própria loucura quebra as cadeias do mesmo e do sempre. Para o infinito com tudo que penso de mim - e o que penso nem sempre me define E se eu achar em algum momento que escrever desse jeito me envergonha? Pacientemente vou prosseguir porque sei da minha constante vergonha e do orgulho. Preciso dos dois pra tentar um mínimo de equilíbrio afinal, preciso por convenção social me parecer um pouco com os outros humanos que me rodeiam. Não dá pra ser totalmente autêntico mas também não tente não ser porque a gente pode morrer seguindo. E viver tentando sufocar o pensamento é ter preguiça de assumir a vida. Isso sim é fatalmente vergonhoso...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Desafio - Novelos Nada Exemplares, Susan Blum





Essa é uma homenagem a uma pessoa-inspiração. No meu primeiro livro lido do ano, resolvi reverenciar aquela que, só por ser o que é, me ajudou a voltar a ser o que sou: SUSAN BLUM, querida!

Um livro pra se ter na mesinha especial. Consulta urgente pra conseguir extrair essência de literatura. 

Reflexivo, pesquisativo, instigante.

Esse não é um livro de contos qualquer, daqueles com historinhas curtas feitas pra distrair. Pelo contrário, ele dá trabalho porque é impossivel ficar parado só olhando. Um livro que por mais que a gente torça, nunca seca.

A cada parágrafo lido, saltam referências e influências trabalhadas pela autora com um cuidado especial de artesã.


Entrelinhas essenciais, títulos elucidativos e finais lancinantes, esse texto-jogo não se mostra, se descobre aos poucos. E encanta.

Convido vocês a passear pelas linhas emaranhadas desse novelo... Deleitem-se.