Quando a espera é mais lenta que o tempo, há algo bem lá dentro que ainda grita: "Espera!".
Os sustos se arrastam... os automóveis na rua voam e alguém permanece sentado ou em pé, tanto faz.
Um único instante parado, parando sua vida de movimentar.
Não adianta, é em vão que as lembranças iludem, breve alívio, porque sossego é sempre determinante e instante. Nessa hora não tem mudança.
Quem espera morre um pouco a cada tanto que aguarda e se sustenta, é por uma fantasia auto-inventiva que ajuda nos momentos de pausa.
O silêncio dói. Dói tanto que só suporta por medo de permanecer deserto. E vai levando...
Uma hora esse tempo vai ter de parar, ainda que inércia teime em ser vida. De teimoso, ele segue.
Calmo e omisso, o relógio prossegue de acordo com seu mandar. Não tem muita regra que o sustenha, então é melhor se deixar estar. Assim mesmos temores persistem.
O progresso não firma pés no chão, o ponteiro não pára, obriga em contínuo. Às favas com seus limites, é justo e bom um pouco mais de alma.
E lá dentro, já cansado de gritar, de tentar, de respirar, o algo enfim se move, e resolve deitar.
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